Declaração de Barroso sobre Bolsonaro gera tensão preocupante...

 


Nesta quarta-feira (16), a divulgação da prévia de uma entrevista do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, gerou uma "tensão" preocupante.

O "alvo" de Barroso foi justamente o presidente da República Jair Messias Bolsonaro.

Em dado momento, o ministro chega a dizer que não acredita que as Forças Armadas se coloquem a serviço de um "discurso inaceitável de um capitão".

Veja a íntegra da fala de Luis Roberto Barroso:

"O mau perdedor não reconhecer a vitória do vencedor pode ocorrer em qualquer parte do mundo, como aliás, ocorreu nos EUA, o presidente Trump jamais admitiu a derrota mesmo perdendo por muitos votos de delegados e teve 7 milhões de votos a menos que o presidente Biden. Ele não aceitou a derrota e ficou por isso mesmo, ele continuou não aceitando e o presidente vencedor tomou posse. O mesmo se passará aqui. Não há remédio na farmacologia jurídica contra maus perdedores.
Mas as instituições brasileiras são sólidas e eu acho que o 7 de setembro foi bem o sepultamento do golpe, compareceram menos de 10% do que se esperava, quer dizer a extrema direita radical no Brasil é bem menor do que se alardeava, as policiais militares não aderiram, nenhum oficial da ativa relevante deu qualquer apoio à aquele tipo de manifestação. O presidente compareceu, fez um discurso pavoroso, golpista, de ameaças a pessoas a ofensas. [Disse] 'não vou cumprir decisão judicial'e, dois dias depois, mudou completamente o discurso, procurou as pessoas que ele tinha ofendido para conversar... De modo que eu acho que ali se relevou que a sociedade brasileira não aceitaria nada diferente.
Mesmo os aliados no Congresso reagiram. A imprensa profissional hoje desempenha um papel extraordinário, a OAB reagiu, o ministro Fux no Supremo com um discurso vigoroso, eu, aqui, no TSE... Ninguém aderiu ao discurso golpista. Simplesmente não há clima na sociedade brasileira.
Eu gostaria de dizer que, nestes 33 anos de Constituição de 1988, as Forças Armadas tiveram um comportamento exemplar de não interferência na política. A democracia tem muitas dificuldades e, por vezes, não é um regime fácil, mas nos cabe defendê-la. Não há como você dar golpe sem apoio de Forças Armadas, e eu duvido que estas pessoas que pagaram um preço caro do período da ditadura militar queiram voltar a um processo como este.
O prestígio que as Forças Armadas desfrutam no Brasil é o prestígio das instituições que se comportam dentro da Constituição e, nas vezes em que o presidente da República tentou jogá-las no varejo da política, elas reagiram. O Ministro da Defesa saiu, os três comandantes das Forças Militares saíram. As pessoas têm dignidade e, portanto, eu não acredito no golpismo, nem que uma instituição importante como as Forças Armadas se coloquem a serviço de um discurso inaceitável de um capitão."
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