Ramagem surpreende Brasília ao escolher os Estados Unidos como “refúgio” — e gesto é interpretado como recado direto a Alexandre de Moraes
A revelação de que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal e sob risco iminente de prisão, deixou o Brasil e se instalou nos Estados Unidos, provocou um verdadeiro terremoto político em Brasília. A informação, divulgada pelo colunista Guilherme Amado na quarta-feira (19), foi recebida com espanto, indignação e, sobretudo, com a certeza de que esse movimento atinge em cheio o ministro Alexandre de Moraes, responsável pela condução do processo que condenou Ramagem e outros envolvidos na chamada “trama golpista”.
O motivo dessa reação é simples: o “refúgio” escolhido por Ramagem não é um destino qualquer. Ele está justamente em território norte-americano — país que aplicou sanções diretas contra Moraes por meio da Lei Magnitsky, medida que pune autoridades estrangeiras acusadas de abusos de autoridade e violações de direitos humanos.
A coincidência, para muitos observadores políticos, está longe de ser apenas um detalhe. O gesto foi interpretado como um recado simbólico poderoso do deputado ao ministro do STF, ampliando a tensão institucional entre setores do Judiciário brasileiro e autoridades internacionais.
A descoberta em Miami: vida de luxo enquanto a crise aumenta no Brasil
De acordo com a coluna, Ramagem foi localizado em North Miami, hospedado em um condomínio de alto padrão, conhecido por sua estrutura luxuosa e perfil exclusivo. O complexo residencial, com acesso a uma “laguna” artificial ao estilo caribenho, quadras esportivas, spa, áreas de lazer completas e apartamentos que podem ultrapassar os R$ 2 mil por diária, é frequentado por famílias de alto poder aquisitivo, muitas delas latino-americanas.
O deputado estaria acompanhado pela família e foi visto, na manhã da quarta-feira, a caminho da academia do condomínio. Ele se mantém afastado oficialmente da Câmara dos Deputados, amparado por uma licença médica renovada até 12 de dezembro. No entanto, o momento de sua saída do país coincide justamente com a fase final do processo no STF, no qual todos os recursos foram rejeitados.
Efeito político imediato: pressão sobre Moraes e desgaste institucional
A ida de Ramagem para os Estados Unidos abriu uma série de questionamentos sobre a efetividade das medidas impostas por Moraes nos últimos anos. Durante a ação penal, o ministro determinou a entrega dos passaportes de todos os réus — e até o momento não há registro público de que esses documentos tenham sido devolvidos ao deputado.
Isso levanta duas perguntas incômodas em Brasília:
- Como Ramagem conseguiu deixar o país?
- Houve falha na fiscalização, omissão ou autorização silenciosa?
Qualquer que seja a resposta, o fato já expõe Moraes a críticas e coloca a credibilidade dos mecanismos de controle em xeque. Além disso, a escolha dos EUA — uma nação que sancionou o ministro — intensifica o simbolismo da situação e alimenta especulações de que Ramagem buscou o destino de forma calculada.
Nos bastidores, parlamentares da oposição afirmam que o episódio representa um “constrangimento internacional” para o STF, enquanto aliados do governo evitam comentar publicamente, mas admitem que a repercussão é negativa.
Um capítulo que reacende o debate sobre excessos do Judiciário
A tensão entre Moraes e setores conservadores já vinha elevada, mas a presença de Ramagem em Miami reacende discussões sobre supostos excessos de autoridade praticados pelo Supremo. Para críticos, a fuga — ou “retirada estratégica”, como alguns têm classificado — evidencia um clima de insegurança jurídica e perseguição política.
A aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes pelos Estados Unidos já havia provocado mal-estar diplomático e acirrado discursos no Brasil. Agora, com Ramagem instalado justamente no país que sancionou o ministro, a narrativa ganha combustível adicional, e a polarização tende a aumentar.
Silêncio de Moraes e de Ramagem cria ambiente de suspense
Até o momento, Alexandre de Moraes não respondeu se o deputado estava autorizado a deixar o país. A ausência de explicações alimenta teorias e aumenta a pressão para que o STF se manifeste.
Por outro lado, Ramagem mantém silêncio absoluto. A coluna tentou contato com o parlamentar na tarde de quarta-feira, mas não foi atendida. Sua estratégia, até aqui, parece ser a de invisibilidade pública — ao menos enquanto estiver fora do alcance das autoridades brasileiras.
Um movimento calculado ou fuga desesperada?
Analistas políticos divergem sobre o significado real da saída do deputado:
- Para alguns, trata-se de um movimento planejado, um gesto político provocativo, quase uma resposta direta a Moraes.
- Para outros, a viagem é puro instinto de sobrevivência, uma tentativa de escapar da iminente ordem de prisão.
Independentemente da motivação, o fato é que Ramagem conseguiu tirar Moraes da zona de conforto, gerando impacto interno e eco internacional. Seu destino, os Estados Unidos, e suas circunstâncias expostas a público, transformaram o episódio em um dos mais explosivos da política recente.
E como destaca a própria coluna: por essa, Alexandre de Moraes realmente não esperava.
