Jornalista da Rede Globo acorda e faz desesperado alerta

 

Nos últimos anos, a relação entre parte da imprensa tradicional e o Supremo Tribunal Federal (STF) passou por momentos delicados, marcados por apoio incondicional, críticas moderadas e silenciamento diante de decisões polêmicas. Contudo, um movimento diferente começa a se desenhar. A jornalista Malu Gaspar, de O Globo, conhecida por defender — com ressalvas — determinadas ações da Corte sob o argumento de “proteger a democracia”, acordou para o que muitos brasileiros já vinham apontando há muito tempo: os excessos cometidos por ministros do Supremo.

Em um texto que repercutiu intensamente nas redes sociais, Malu expôs sua preocupação com duas decisões recentes do STF — ambas tomadas de forma monocrática — que, segundo ela, representam um grave risco ao equilíbrio institucional e à transparência da Justiça. O alerta fez com que muitos considerassem que, enfim, alguns jornalistas começam a reconhecer o “verdadeiro golpe”, não o que narraram durante anos, mas aquele que estaria sendo consolidado lentamente pela própria Corte.


A primeira canetada: Gilmar Mendes e a nova blindagem

O artigo de Malu inicia destacando a decisão do ministro Gilmar Mendes que, segundo ela, funcionou como um “presente de fim de ano” para os próprios ministros do Supremo. Com uma simples canetada, Gilmar suspendeu a possibilidade de qualquer cidadão apresentar denúncia por crime de responsabilidade contra integrantes da Corte. Agora, apenas o procurador-geral da República pode fazê-lo, e a abertura de processo no Senado passa a exigir o apoio de dois terços dos senadores — e não mais de maioria simples.

Para Malu, o ministro criou a sua própria “PEC da blindagem”, semelhante àquela rejeitada massivamente pela população quando apresentada pela Câmara em 2024. A jornalista aponta o temor crescente dentro do STF diante da possibilidade de a direita conquistar ampla maioria no Senado nas eleições de 2026, abrindo caminho para pedidos de impeachment que hoje soam improváveis, mas que se tornariam numericamente viáveis.

Em sua liminar, Gilmar justificou a medida alegando proteger os ministros de “impeachments abusivos”, do risco de processos motivados por discordâncias políticas e da “propagação do arbítrio pela intimidação e retaliação política”. Malu reconhece que, em tese, tais justificativas poderiam parecer plausíveis, mas considera que o efeito prático é uma blindagem sem precedentes.


A segunda canetada: Toffoli assume o caso Master

O segundo ponto destacado por Malu foi a decisão do ministro Dias Toffoli de assumir pessoalmente todas as decisões relativas ao caso envolvendo o Banco Master, de Daniel Vorcaro, acusado de participar de uma das maiores fraudes já registradas no sistema financeiro brasileiro. Segundo investigações, ao menos 1 milhão de investidores foram prejudicados, e o esquema teria gerado pagamentos bilionários ao Master por meio do BRB.

Toffoli aceitou o argumento da defesa de que o caso deveria subir ao STF por envolver o deputado João Carlos Bacelar, do PL, que possui foro privilegiado. A partir daí, nenhuma nova diligência pode ser realizada sem sua autorização — o que, na análise de Malu, “fere de morte” as investigações em curso. A transferência do caso para o STF, somada ao alto grau de sigilo imposto pelo ministro, levanta suspeitas sobre possíveis conflitos de interesse, especialmente diante da proximidade entre ministros e figuras do setor financeiro.

A jornalista relembra ainda que Toffoli foi convidado VIP em um evento em Londres patrocinado pelo Master no ano anterior, e que Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes também estiveram presentes. Detalhes como quem custeou as despesas da viagem jamais foram esclarecidos.


Acusações de moralidade seletiva

O texto segue relembrando episódios anteriores que, segundo Malu, indicam uma flexibilização preocupante da ética por parte de alguns ministros. Entre eles, a libertação de Jacob Barata por Gilmar Mendes — cuja filha foi afilhada do ministro — e a concessão de um habeas corpus ao presidente da CBF, que mantinha contrato milionário com instituição ligada à família de Gilmar.

A jornalista também cita Toffoli, que suspendeu multas do acordo de leniência da JBS mesmo com sua esposa atuando para a empresa no processo. Para ela, tais decisões demonstram que “legalizar uma imoralidade não a torna menos imoral”.


O alerta final

No desfecho do texto, Malu afirma que o que realmente enfraquece o Estado de Direito não é a possibilidade de impeachment de ministros, mas o comportamento de quem deveria dar exemplo de equilíbrio e respeito à Constituição. A limitação de poder, escreve ela, é um dos pilares da democracia — e o que mina a confiança da população nas instituições é justamente o escárnio com que elas tratam os cidadãos.

A jornalista conclui afirmando que Gilmar, Toffoli e outros ministros agem como se fossem intocáveis, e tentam transformar qualquer crítica em perseguição política. Um bolsonarista, ironiza ela, diria algo semelhante sobre seu líder — mas nesse caso seria acusado de golpismo. O duplo padrão, portanto, se escancara.


A crítica contundente de Malu Gaspar repercute fortemente no cenário político e midiático. Para muitos, representa um marco simbólico do início do “despertar” de parte da imprensa. Para outros, um alerta tardio. Seja como for, o debate sobre os limites de poder do STF volta ao centro das discussões — e promete ser um dos temas mais sensíveis na corrida eleitoral de 2026.

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