“Presidente estourou a corda e não há mais retorno”, diz Maia

 


O ex-presidente da Câmara dos deputados Rodrigo Maia criticou nesta quarta-feira (8) os atos de 7 de setembro a favor do presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao UOL, Maia considerou que o presidente “estourou a corda” em seus discursos e disse que a partir deste momento, não há mais retorno.


 É impressionante como ontem, depois das duas falas do presidente, esse clima [político contra Bolsonaro] avançou muito. De fato, o presidente estourou a corda e não há mais retorno da posição dele em relação às instituições [democráticas] – afirmou.

Ele também afirmou que Bolsonaro é um “populista clássico” que mostrou “de forma definitiva” que não está preocupado com a democracia. Segundo Maia, o presidente “nada mais é do que o Hugo Chávez da direita”.


– O [Hugo] Chávez teve mais êxito, as instituições [democráticas] aqui são mais fortes que na Venezuela, mas você vê que a tentativa é a mesma: Tomar o Congresso, tomar o Supremo e a partir daí fazer um governo autocrático na qual a agenda dele, objetivamente, [está em] primeiro [lugar] destruir as instituições [democráticas] e depois construir um governo autocrático no qual ele comande sozinho o nosso país – disse.


Apesar das críticas, Maia disse não acreditar que um processo de Impeachment contra Bolsonaro seria aprovado hoje e, citando a discussão do voto impresso auditável, afirmou que há partidos de centro e centro-direita cuja presidência é crítica a Bolsonaro, mas seus parlamentares votam como base do presidente da República.


Maia porém, traçou paralelos com o governo Dilma e disse que trata-se de um processo.


– Esse processo de impeachment é sempre feito por etapas. Eu acompanhei o da presidente Dilma e a gente vai vendo que é uma construção, um encaminhamento, mas sem dúvida nenhuma, ontem, o presidente Bolsonaro estourou a corda com as instituições [democráticas], porque se hoje quem incomoda é o Alexandre [de Moraes], amanhã novamente pode ser o Rodrigo Pacheco ou pode ser o presidente Arthur Lira na pauta da Câmara dos Deputados – afirmou.


O atual secretário do governo de São Paulo também disse que acha “muito difícil”, que Bolsonaro consiga retomar uma relação com o Congresso, com o Supremo e com as instituições democráticas de forma geral.


Ainda sem partido, Maia disse que “a crise no Brasil é tão grande que vou decidir minha filiação mais para frente”.



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