Cid diz que Bolsonaro consultou Forças Armadas sobre golpe

Ex-Ajudante de Ordens de Bolsonaro Afirma que Presidente Consultou Forças Armadas sobre Intervenção Militar em 2022


Brasília, 21 de setembro de 2023 - O ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, afirmou em uma delação premiada fechada com a Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com a cúpula das Forças Armadas para discutir a possibilidade de uma intervenção militar a fim de anular o resultado das eleições de 2022, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como Presidente da República.


De acordo com informações reveladas pelo UOL e confirmadas pelo Estadão, Cid relatou que Bolsonaro, enquanto ainda estava no cargo de presidente, recebeu uma minuta de decreto de seu assessor Filipe Martins, a qual previa a prisão de adversários políticos e a convocação de novas eleições.


Segundo Cid, Bolsonaro levou esse documento à alta cúpula das Forças Armadas, encontrando apoio do então comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier Santos. No entanto, o restante do Alto Comando não teria aderido ao plano.


Na delação, Cid afirmou que foi testemunha das duas reuniões, tanto quando Bolsonaro recebeu o documento de seu assessor quanto quando o apresentou aos militares.


Minuta do Golpe - Uma das suspeitas dos investigadores é que essas reuniões possam ter resultado nos eventos ocorridos em 8 de janeiro. A Polícia Federal ainda está investigando se o documento mencionado por Cid é o mesmo encontrado na residência do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres.


Falsificação de Certificados de Vacinação- Além disso, na sua delação, o ex-ajudante de ordens também mencionou a falsificação de certificados de vacinação que o levaram à prisão em maio, bem como outros casos, como o esquema de venda de joias, envolvendo o presidente e militares do Exército, Marinha e Aeronáutica.


A Polícia Federal continuará a conduzir diligências para verificar a veracidade das revelações feitas pelo delator.


Em nota, a defesa de Cid afirmou que não pode comentar sobre os depoimentos relacionados à reunião de Bolsonaro com a cúpula militar, pois eles estão sob sigilo.


Investigação Preocupa Militares - Em entrevista ao Estadão, militares expressaram preocupação com a investigação em curso, que envolve prisões e investigações relacionadas às Forças Armadas. Eles argumentaram que isso poderia gerar instabilidade e insegurança. Essa preocupação surgiu após a Polícia Federal prender o comandante da PM no Distrito Federal, além de coronéis e tenentes sob acusação de omissão em relação aos eventos de 8 de janeiro.


A Procuradoria-Geral da República afirmou que as provas coletadas indicam uma "profunda contaminação ideológica" em parte dos oficiais da Polícia Militar do DF, que demonstraram apoio a teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e planos golpistas.


Cid é Liberado para Delação - Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, estava detido desde maio, quando veio à tona um esquema de falsificação de carteiras de vacinação contra a Covid-19. Entretanto, em 9 de setembro, Cid foi libertado do Batalhão da Polícia do Exército, em Brasília, após sua delação premiada ser homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.


Durante os quatro anos em que Bolsonaro esteve no cargo, Mauro Cid atuou como chefe da ajudância de ordens do presidente, ocupando uma posição que o mantinha à disposição do presidente em suas funções, funcionando como um secretário particular do chefe do Executivo.


O advogado Fábio Wajngarten, membro da equipe de defesa de Jair Bolsonaro (PL), informou que o ex-presidente não irá fazer comentários sobre o assunto.


Até o momento, o ex-assessor Filipe Martins não respondeu às tentativas de contato da reportagem. O espaço permanece aberto para eventuais declarações.

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