Bolsonaro decide “jogar o jogo” e deixa Moraes em “parafuso”
A detenção do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ocorrida no último sábado (22), continua reverberando intensamente no cenário político nacional. Desde que foi levado à Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, Bolsonaro tem adotado uma postura calculada, discreta, mas estrategicamente planejada — e que, segundo aliados, colocou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em verdadeiro “parafuso”.
A surpreendente decisão de recusar as refeições fornecidas pela PF e consumir apenas alimentos preparados por familiares e pessoas de extrema confiança é um dos elementos que mais chamaram atenção desde o início de sua detenção. Pessoas próximas afirmam que essa escolha não é apenas questão de preferência pessoal, mas reflexo de uma estratégia mais ampla, alinhada às recomendações médicas que Bolsonaro recebeu antes de sua prisão.
De acordo com interlocutores, o ex-presidente tem optado por pratos mais simples, leves e com baixo teor de gordura. A alimentação controlada faria parte de uma rotina sugerida por médicos, especialmente diante do histórico de cirurgias e de questões gástricas. Ainda assim, aliados observam que Bolsonaro tem demonstrado pouco apetite, reflexo natural da tensão do momento, mas sem perder a serenidade. Fontes relatam que ele se mantém tranquilo, conversando normalmente com agentes e advogados, demonstrando confiança no processo.
A alimentação “estratégica”
A PF oferece um cardápio padrão, composto por arroz, feijão, salada e algum tipo de proteína no almoço e no jantar. No entanto, Bolsonaro decidiu manter sua própria dinâmica nutricional, recorrendo exclusivamente à comida enviada por familiares. Todos os itens, naturalmente, passam previamente por rigorosa checagem e inspeção da Polícia Federal, como determina o protocolo.
Além da alimentação, produtos de higiene pessoal e demais objetos permitidos também vêm sendo fornecidos pela família, sempre com autorização e controle dos agentes.
Para interlocutores, essa postura demonstra que o ex-presidente não está apenas seguindo orientações médicas, mas também adotando uma posição firme e simbólica, deixando claro que não abrirá qualquer espaço para interpretações maliciosas sobre sua integridade física durante a detenção.
"Jogar o jogo" — a mensagem silenciosa
A expressão usada por aliados de que Bolsonaro decidiu “jogar o jogo” tem sido repetida discretamente nos bastidores desde sábado. Segundo eles, trata-se de uma mudança importante no comportamento do ex-presidente, que vinha tentando — até antes da prisão — manter distância de embates diretos com ministros do STF.
Agora, porém, a leitura é de que ele estaria adotando uma postura mais assertiva, calculada e estratégica. Não faria mais concessões, não daria mais margens e reagiria de maneira firme a tudo o que considerar abusivo, excessivo ou politicamente motivado.
Essa mudança de postura, afirmam aliados, teria deixado o ministro Alexandre de Moraes em situação desconfortável. “Ele não sabe o que pode vir depois disso”, comenta um interlocutor próximo ao ex-presidente. A decisão de Bolsonaro de controlar sua alimentação e seus itens pessoais, por exemplo, foi lida por apoiadores como um recado direto ao ministro: ele não se deixará vulnerabilizar.
Nos bastidores, o clima é de cautela e expectativa. Moraes, segundo aliados de Bolsonaro, estaria tentando antecipar movimentos do ex-presidente, mas a nova estratégia teria dificultado essa leitura.
A preocupação com segurança e simbolismos
Assessores e aliados argumentam que a decisão de Bolsonaro de evitar a comida da PF não deve ser vista como desconfiança explícita, mas como uma precaução necessária, dada a situação excepcional em que se encontra. Desde 2018, quando sofreu a facada durante a campanha presidencial, Bolsonaro tem tido cuidados redobrados com questões de saúde e segurança.
A escolha de manter alimentos preparados apenas pela família é, para muitos apoiadores, uma forma de reforçar essa proteção. No entanto, politicamente, o gesto também tem forte simbologia. Demonstra controle, cautela e uma clara mensagem: Bolsonaro não será surpreendido nem colocado em situação de vulnerabilidade — nem mesmo dentro de uma unidade da Polícia Federal.
O clima na PF
Agentes relataram que Bolsonaro tem tido comportamento respeitoso, sem criar incidentes. Conversa, faz observações pontuais, mas evita reclamações desnecessárias. Seu foco tem sido manter rotinas simples, preservar a saúde e acompanhar os desdobramentos jurídicos de perto com seus advogados.
Enquanto isso, aliados e figuras do mundo político seguem afirmando que a prisão é “absurda”, “política” e “desproporcional”. Muitos defendem que o momento exige responsabilidade e serenidade do ex-presidente — exatamente o que ele estaria demonstrando.
O jogo está apenas começando
Seja pela recusa às refeições da PF, seja pela postura calma e calculada, a avaliação entre aliados é unânime: Bolsonaro decidiu jogar o jogo. Isso significa, nas palavras de um interlocutor, que “nada do que ele fizer será por acaso”.
E, segundo eles, essa mudança teria deixado Moraes em alerta máximo — ou, como descrevem, em completo “parafuso”.
