Marinha não foi avisada da operação da PF que mirou ex-comandante


Marinha não foi avisada da operação da PF que mirou ex-comandante


O comando da Marinha não foi avisado previamente da operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (8/2) que cumpriu mandados de busca e apreensão contra o almirante da reserva Almir Garnier, comandante da Força até 2022. O Exército, que teve militares da ativa como alvos, foi informado da operação pela PF, como é de praxe nesses casos.


Garnier foi alvo de um mandado de busca e apreensão, está proibido de deixar o país e de falar com outros investigados. Segundo as investigações, Garnier endossou um plano de golpe de Estado quando chefiava a Força. Desde setembro do ano passado, quando a acusação veio a público, Garnier não se pronunciou sobre o caso.


O relato inicial foi feito pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-auxiliar de Jair Bolsonaro, em delação premiada. A partir daí, a PF avançou na apuração e obteve mensagens enviadas pelo general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Bolsonaro à reeleição, que corroboram a acusação de Cid contra Garnier.


Segundo o ministro Alexandre de Moraes, do STF, as mensagens apontam que Almir Garnier “anuiu com o golpe de Estado, colocando suas tropas [Marinha] à disposição do presidente”.


Em nota, a Marinha afirmou que não comenta processos sigilosos em andamento, e acrescentou: “Consciente de sua missão constitucional, a Marinha, Instituição nacional, permanente e regular, reafirma que pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência”.


No Exército, que foi informado da operação antecipadamente, a operação da PF atingiu sete militares da ativa. Um coronel da reserva foi preso. Marcelo Câmara, de acordo com a Procuradoria-Geral da República, monitorou ilegalmente ministros do STF. Câmara tinha o itinerário exato dos deslocamentos de Alexandre de Moraes. Para a Procuradoria, havia “chances reais” de que o grupo capturasse Moraes, como parte do plano de dar um golpe de Estado.


A repercussão da operação foi imediata. A ausência de aviso prévio à Marinha levantou questionamentos sobre a coordenação entre os diferentes ramos das Forças Armadas e sobre a suposta gravidade das acusações contra Garnier. Além disso, a prisão de um coronel da reserva do Exército e as alegações de monitoramento ilegal de ministros do STF trouxeram à tona preocupações sobre possíveis ameaças à democracia e ao Estado de Direito no Brasil.


Nas redes sociais, a notícia gerou debates acalorados, com alguns usuários expressando apoio às ações da PF e do STF no combate à corrupção e à subversão da ordem democrática, enquanto outros criticaram as investigações como sendo politicamente motivadas e questionaram a imparcialidade das instituições envolvidas.


O presidente do Brasil, em meio a essa controvérsia, ainda não se pronunciou publicamente sobre o assunto. No entanto, espera-se que o governo emita uma declaração oficial nas próximas horas para abordar as recentes desenvolturas e acusações que abalaram as estruturas das Forças Armadas e do sistema político brasileiro.


Enquanto isso, o país aguarda por mais detalhes sobre o desdobramento dessas investigações e o impacto que elas terão na estabilidade política e institucional do Brasil. O futuro de Garnier e dos outros militares envolvidos permanece incerto, enquanto as autoridades continuam a conduzir suas investigações em busca da verdade e da justiça.

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