Vaza a informação que Moraes mais temia...
Mensagens obtidas pela Polícia Federal no curso das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado trouxeram à tona um conteúdo explosivo que, segundo analistas, pode estremecer ainda mais o cenário político brasileiro. As mensagens, trocadas entre aliados militares de Jair Bolsonaro, contêm acusações diretas ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que, de acordo com as conversas, teria contado com um informante de alta patente do Exército. O nome em questão seria o do general Valério Stumpf Trindade, ex-comandante militar do Sul, identificado nos diálogos como um “leva e traz”.
Os registros, enviados ao ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, apresentam um cenário de desconfiança e intriga dentro do Alto Comando do Exército. Um interlocutor identificado como “Riva” demonstra surpresa ao relatar supostas negociações envolvendo o então vice-presidente Hamilton Mourão e outros generais, que, segundo ele, visavam à “saída do 01” – uma referência direta ao ex-presidente Jair Bolsonaro. As mensagens chamam atenção não apenas pelo conteúdo, mas pelos apelidos utilizados. Moraes, por exemplo, é referido como “ovo”, enquanto Stumpf é chamado de “leva e traz”, insinuando que teria repassado informações estratégicas ao ministro do STF.
Em um dos trechos divulgados, “Riva” desabafa sobre as supostas negociações lideradas por Mourão: “Estou escutando a história do Mourão e estou abismadooooooo. (...) Que o Mourão negociou com outros generais a saída do 01, falando que o Peru era logo ali. (...) Tinha informante do [emoji de ovo] de leva e traz.” Outro participante da conversa menciona explicitamente o nome do general Stumpf, reforçando a narrativa de que ele teria atuado como uma espécie de espião no coração do Exército.
As reações às mensagens não param por aí. A conversa avança com acusações de traição e críticas duras ao Alto Comando do Exército. “No meu vago conhecimento e entendimento, isso se assemelha à traição à pátria”, declara “Riva”, refletindo um sentimento de indignação compartilhado por outros interlocutores. As críticas se estendem a militares supostamente alinhados ao plano mencionado, levantando questões sobre lealdade e integridade dentro das Forças Armadas.
O vazamento dessas mensagens acirra ainda mais os ânimos entre apoiadores de Bolsonaro e opositores. Para muitos que acompanham o caso, o teor dos diálogos reforça a percepção de que há um esforço coordenado para desestabilizar o ex-presidente. A narrativa de que Bolsonaro estaria sendo alvo de uma perseguição política ganha força entre seus aliados, que apontam para a seletividade das investigações e o uso do sistema judicial como ferramenta de repressão.
Por outro lado, especialistas em direito e política avaliam que o conteúdo das mensagens pode abrir novas frentes de investigação. Caso as acusações de que um general teria atuado como informante de Alexandre de Moraes sejam comprovadas, isso pode desencadear uma crise institucional sem precedentes, com impactos diretos sobre a relação entre o Supremo Tribunal Federal e as Forças Armadas. Além disso, a menção a supostos planos envolvendo Mourão e outros generais coloca uma lupa sobre o papel do Alto Comando do Exército nos eventos que marcaram os últimos anos do governo Bolsonaro.
O nome de Alexandre de Moraes, mais uma vez, está no centro de uma polêmica. O ministro, que tem conduzido investigações envolvendo aliados de Bolsonaro, já é alvo de críticas constantes de setores conservadores e de apoiadores do ex-presidente. Esses grupos enxergam as ações de Moraes como parte de um esforço para minar a direita no Brasil, enquanto seus defensores afirmam que ele atua dentro da legalidade para proteger a democracia e o Estado de Direito.
Enquanto isso, aliados de Bolsonaro veem no episódio mais um capítulo daquilo que consideram uma campanha orquestrada para desgastar a imagem do ex-presidente e justificar uma eventual prisão. Para eles, o vazamento das mensagens reforça a tese de que há uma articulação entre setores do Judiciário, da mídia e do próprio Exército para impedir que Bolsonaro retorne à cena política em 2026. Essa visão tem sido amplamente divulgada em redes sociais e em manifestações públicas, onde o discurso de resistência contra o “sistema” é amplificado.
O general Valério Stumpf Trindade, por sua vez, ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações. O mesmo ocorre com Hamilton Mourão, que também foi citado nos diálogos. Ambos devem ser convocados para esclarecer os fatos em breve. A repercussão do caso promete dominar os debates nos próximos dias, ampliando a tensão entre as instituições e o campo político.
A situação ilustra, mais uma vez, a profundidade da crise que permeia o cenário nacional. Com o país dividido entre narrativas opostas, cada novo detalhe dessa investigação tem o potencial de alimentar ainda mais as disputas ideológicas e os questionamentos sobre o futuro da democracia brasileira. Em meio a isso, a figura de Alexandre de Moraes permanece como um ponto focal, cercada de controvérsias e simbolizando, para muitos, a encruzilhada em que o Brasil se encontra.