Eis o alerta grave da própria velha mídia contra medida absurda de Lula no PIX


 O jornal O Estado de S. Paulo publicou nesta quarta-feira (15) um editorial abordando a polêmica em torno do Pix e as recentes notícias falsas sobre a criação de um novo imposto relacionado à ferramenta de pagamento. O texto, intitulado "Se Non è Vero, è Molto Ben Trovato" — que pode ser traduzido do italiano como "Pode não ser verdade, mas faz todo o sentido" —, faz uma análise crítica sobre como rumores ganham força quando há um contexto que lhes empresta credibilidade.


Embora o editorial reconheça que a taxação do Pix seja uma fake news, o jornal aponta que a discussão sobre o tema não surgiu do nada e possui um “fundo de verdade”. Segundo o texto, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado grande interesse em aumentar a arrecadação, reflexo dos elevados gastos públicos. Esse cenário, avalia o periódico, evidencia um governo que ainda não conseguiu enfrentar de maneira efetiva os desafios de um Estado inchado, que arrecada muito, mas oferece pouco em serviços básicos para a população.

O jornal também questiona a forma como o governo reagiu às informações falsas sobre a possível taxação. Na visão do Estadão, a postura da administração petista foi exagerada ao classificar as críticas como ataques à democracia. Segundo o editorial, essa reação reforça a percepção de um governo que prioriza estratégias para aumentar a arrecadação acima de outros interesses, como a contenção de despesas e o incentivo à eficiência administrativa.

Outro ponto destacado pelo jornal é o papel do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na condução das políticas fiscais. Em tom crítico, o editorial se refere a Haddad como um "implacável exator", alusão ao rigor com que ele busca ampliar a receita do governo. A menção, feita de forma irônica, sugere que o ministro personifica a postura arrecadatória do governo Lula. “Ele pode não achar graça, mas agora é tarde”, concluiu o texto, fazendo uma alusão ao que o Estadão considera uma condução política pouco sensível às críticas.

A questão do Pix é apenas mais um capítulo no contexto de insatisfação com as políticas econômicas do governo federal. Desde sua criação, o sistema de pagamento instantâneo do Banco Central foi amplamente adotado pela população e se consolidou como uma ferramenta eficiente, gratuita e prática para transações financeiras. No entanto, o crescimento de sua popularidade também despertou questionamentos e temores relacionados ao seu uso como mecanismo de fiscalização ou arrecadação.

Nos últimos meses, boatos sobre a possibilidade de um imposto atrelado ao Pix se espalharam rapidamente, especialmente nas redes sociais. A desinformação levou o governo a emitir várias notas de esclarecimento e a acionar o aparato jurídico para identificar e punir os responsáveis pela disseminação de fake news. Apesar disso, como destaca o Estadão, a resposta do governo pareceu mais preocupada em coibir críticas do que em abrir um diálogo transparente sobre suas intenções fiscais.

A gestão petista tem enfrentado crescente resistência em diversos setores da sociedade, que questionam tanto a ampliação dos gastos públicos quanto a ausência de reformas estruturais que poderiam melhorar a eficiência do Estado. Para o Estadão, o governo ainda não demonstrou disposição em atacar os reais problemas do país, preferindo adotar medidas que aumentem sua capacidade de arrecadação, como a revisão de benefícios fiscais e a criação de novas formas de tributação.

O editorial também critica a falta de clareza nas comunicações do governo, apontando que isso contribui para o surgimento de interpretações equivocadas e para a disseminação de boatos. Segundo o jornal, um governo mais transparente em suas intenções teria maior facilidade em combater as fake news e em obter apoio popular para suas medidas, mesmo as mais impopulares.

Por fim, o texto conclui que a reação exagerada do governo às notícias falsas sobre o Pix reforça a desconfiança da sociedade em relação às suas verdadeiras intenções. Ao invés de desmentir os rumores com serenidade e apresentar dados concretos, o governo optou por uma abordagem defensiva, que, na avaliação do Estadão, apenas alimenta o receio de que a arrecadação está no centro das prioridades da atual gestão.

Assim, o editorial serve como um alerta para o governo federal: a confiança da população não será conquistada por meio da intimidação ou de ações que possam ser interpretadas como tentativas de censura. É necessário adotar uma postura mais transparente, responsável e comprometida com a eficiência administrativa, para que boatos como esse não se tornem reflexo de uma percepção pública cada vez mais negativa.

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