Justiça condena Delgatti por alegação falsa sobre procurador

Hacker Walter Delgatti Neto condenado a 1 ano, 1 mês e 10 dias de prisão por calúnia contra procurador da Lava Jato

A 1ª Vara Federal de Araraquara (SP) anunciou uma nova sentença para o hacker Walter Delgatti Neto na segunda-feira (11), condenando-o a cumprir 1 ano, 1 mês e 10 dias de prisão por cometer o crime de calúnia. Delgatti Neto, conhecido por sua participação no vazamento de mensagens da Operação Lava Jato, foi acusado de atribuir falsamente um crime ao procurador Januário Paludo, que fazia parte da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

A nova condenação ocorreu devido às alegações infundadas feitas por Delgatti Neto em dezembro de 2019, quando, durante uma entrevista à revista Veja, afirmou, sem provas, que o procurador Paludo teria recebido propina do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, um dos principais delatores da Lava Jato. O hacker alegou que essa negociação de propina estava registrada em um dos áudios obtidos nas conversas dos procuradores no aplicativo Telegram.

No entanto, a Corregedoria do Ministério Público Federal investigou as alegações de Delgatti Neto e concluiu que o áudio mencionado pelo réu na entrevista não indicava o recebimento de vantagem indevida pelo procurador, mas sim a negociação da multa paga por Duque como parte de seu acordo de delação premiada. O juiz federal Osias Alves Penha, responsável pelo caso, afirmou na sentença que Delgatti Neto assumiu o risco de cometer o crime de calúnia ao fazer acusações sem a devida cautela de confirmar os fatos, caracterizando o dolo eventual.

Delgatti Neto já havia sido condenado no mês passado a 20 anos e 1 mês de prisão e 736 dias-multa por invadir as contas no Telegram do ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol e de outras autoridades, o que resultou na série de reportagens conhecida como "Vaza Jato". Suas ações também foram cruciais para revelar conversas dos procuradores da Lava Jato, levantando questões sobre condutas éticas e alegações de conluio na operação, além de ter impactado a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a imparcialidade do ex-juiz e atual senador Sérgio Moro no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Delgatti Neto, após ter se notabilizado pelo vazamento das mensagens, também foi investigado por seu suposto envolvimento com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral do ano passado. Recentemente, ele prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga ataques golpistas ocorridos em Brasília em janeiro deste ano. Além disso, ele voltou a ser investigado sob suspeita de ter recebido pagamento de aliados de Bolsonaro para forjar ataques contra a Justiça Eleitoral e inserir um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, no sistema do Conselho Nacional de Justiça. Delgatti Neto alegou que essa ação foi realizada a pedido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), uma das principais aliadas do ex-presidente Bolsonaro. O hacker já havia sido preso anteriormente na Operação Spoofing, mas agora enfrenta novas acusações relacionadas à invasão e adulteração de dados do CNJ.

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