Dino diz que não recebeu “dama do tráfico” e culpa secretário


Ministro da Justiça Desconhece Reuniões com Esposa de Líder do Comando Vermelho


Em uma reviravolta chocante, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, declarou nesta segunda-feira (13) que não tinha conhecimento das reuniões realizadas em seu ministério entre seus secretários e a esposa de um líder do Comando Vermelho. Luciane Barbosa Farias, conhecida como a "dama do tráfico amazonense", se encontrou com autoridades, incluindo Elias Vaz, secretário de Assuntos Legislativos. Dino transferiu a responsabilidade para Vaz, afirmando que a faccionada estava lá como "acompanhante" e que o secretário se limitou a discutir supostas irregularidades no sistema penitenciário.


O jornal Estadão revelou que Luciane Barbosa teve encontros não documentados com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais; Paula Cristina da Silva Godoy, ouvidora Nacional de Serviços Penais; e Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de Inteligência Penitenciária da Senappen. Estas audiências ocorreram em março e maio deste ano, sem constarem nas agendas oficiais das autoridades.


Flávio Dino, em sua defesa, declarou categoricamente em uma publicação no antigo Twitter que nunca recebeu líderes de facção criminosa em seu gabinete. Ele descreveu as alegações como absurdas e atribuiu a história verdadeira ao Twitter de Elias Vaz. O secretário de Assuntos Legislativos, por sua vez, explicou que a audiência foi solicitada pela ex-deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ), vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Anacrim-RJ.


Segundo Vaz, a ex-parlamentar compareceu à reunião acompanhada de outras três mulheres, incluindo Luciane Barbosa. Vaz afirmou que atendeu a Janira Rocha devido à sua longa trajetória parlamentar e política, ressaltando a seriedade de sua conduta. Ele indicou às mulheres que também procurassem a Senappen.


Luciane Barbosa, condenada a dez anos de prisão por diversos crimes, é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, líder do Comando Vermelho em Manaus. Tio Patinhas cumpre uma pena de 31 anos e é considerado de altíssima periculosidade pela inteligência da Polícia Civil, responsável por vários assassinatos na região.


A revelação dessas reuniões causou um rebuliço no cenário político, com parlamentares pedindo esclarecimentos do ministro da Justiça. Alguns até sugerem investigações e a possibilidade de um processo de impeachment. O chefe da Senappen, Rafael Velasco, ainda não se manifestou sobre o encontro, aumentando a pressão sobre o caso.


O desenrolar dessa situação promete impactar o cenário político nacional, levantando questões sobre a transparência e integridade dentro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O país aguarda esclarecimentos adicionais e possíveis desdobramentos diante dessa controversa revelação.

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