Brazão tinha embaralhador de sinal no gabinete para não ser gravado


Conselheiro do TCE-RJ, Domingos Brazão, Usava Embaralhador de Sinal para Evitar Gravações, Revela Investigação da PF

São Paulo - Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), implicado na delação do ex-PM Ronnie Lessa no assassinato da vereadora Marielle Franco, adotava estratégias para evitar gravações e grampos por rivais e investigadores, revela uma investigação da Polícia Federal (PF). O conselheiro sempre esteve envolvido em diversas apurações, e a PF encontrou em seu gabinete, em 2017, um embaralhador de sinal, equipamento utilizado para interferir em sinais eletromagnéticos.

O uso do embaralhador de sinal foi descoberto durante a Operação Quinto do Ouro, que investigava o pagamento de propinas a conselheiros do Tribunal de Contas do Rio. O equipamento foi apreendido e chamou a atenção dos investigadores pela sua finalidade específica.

A PF destacou que o embaralhador era "supostamente utilizado para embaralhar/interferir em equipamentos que emitam sinais eletromagnéticos, como, por exemplo, telefones celulares, dispositivos ocultos de escuta ambiental, impossibilitando a transmissão de diálogos travados no ambiente."

Em relação ao caso Marielle, Brazão negou as acusações que o ligam ao crime em uma entrevista ao Metrópoles nesta terça-feira (23/1). Ele sugeriu que a denúncia pode ser parte de uma estratégia dos verdadeiros assassinos para proteger alguém.

O conselheiro, afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e depois reintegrado por decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), teve cinco mandatos como deputado estadual antes de ingressar no TCE. Ele ainda responde a uma ação penal referente à Operação Quinto do Ouro.

Em relação à Operação Quinto do Ouro, Brazão foi acusado de corrupção e organização criminosa, com relatos de que, além de usar o embaralhador, ele trocava constantemente de aparelho telefônico, conforme destacado pelo Ministério Público Federal (MPF) ao denunciá-lo. O filho do ex-presidente do TCE do Rio, Jonas Lopes Junior, principal delator, afirmou que Brazão preferia receber pessoalmente dinheiro de propinas, evitando reuniões pessoais sobre os acertos.

No caso Marielle, Brazão foi denunciado pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge por embaraço à investigação, envolvendo uma ação para plantar depoimentos falsos que tirassem a Polícia Civil do rastro dos verdadeiros mandantes. A investigação também revelou um áudio do miliciano Jorge Alberto Moreth, conhecido como “Beto Bomba”, indicando que Brazão “encomendou” a morte de Marielle e que houve pagamento de R$ 500 mil pelo crime.

Brazão nega seu envolvimento na morte da vereadora e sugeriu que o uso de seu nome pode ser parte de uma estratégia dos executores do crime para proteger alguém. Ele afirmou em entrevista: "Outra hipótese que pode ter é a própria Polícia Federal estar fazendo um negócio desse, me fazendo sangrar aí, que eles devem ter uma linha de investigação e vão surpreender todo mundo aí."

Diante de sua atuação política e das acusações que envolvem seu nome, Domingos Brazão continua no centro de uma série de investigações que expõem a complexidade dos bastidores da política no Rio de Janeiro. A utilização do embaralhador de sinal apenas adiciona mais um elemento intrigante às diversas facetas desse caso complexo.

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