Ramagem: “Abin paralela” é invenção de ex-diretor para me incriminar


Em um desdobramento surpreendente, o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, utilizou as redes sociais para desmentir as alegações de que teria ordenado monitoramentos ilegais de autoridades por meio do sistema First Mile durante seu mandato no governo de Jair Bolsonaro. O First Mile é um equipamento de espionagem que, segundo Ramagem, nunca foi utilizado para tal fim sob sua liderança na agência.


Em um vídeo publicado no Instagram, Ramagem afirmou que nunca deu ordens para o monitoramento usando o First Mile e negou qualquer envolvimento na exclusão de registros do sistema. O ex-diretor ainda detalhou que, ao assumir a direção da Abin, realizou uma revisão abrangente dos processos e ferramentas da agência, seguida por uma apuração específica sobre o uso do First Mile pelo Departamento de Operações.


De forma explícita, Ramagem apontou o ex-secretário de Planejamento e Gestão da Abin, Paulo Maurício Fortunato Pinto, como responsável pelo controle do First Mile durante sua gestão. Ressaltou que, após exonerá-lo em outubro do ano passado, a Polícia Federal encontrou uma quantia significativa em dinheiro vivo na casa de Paulo Maurício, levantando suspeitas sobre suas ações.


Ramagem destacou a volta de Paulo Maurício à alta administração da Abin durante a gestão Lula, insinuando a existência de uma "Abin paralela". Ele questionou a conduta do ex-secretário, mencionando suspeitas de apagamento de logs e reiterando que foi durante a busca na casa de Paulo Maurício que encontraram uma quantia significativa em dólares.


A polêmica aumentou com a divulgação de uma lista de autoridades supostamente monitoradas de forma ilegal pela Abin, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal, ex-ministros do governo Bolsonaro e congressistas. Ramagem esclareceu que o First Mile não realiza interceptações, apenas geolocalização grosseira, e que sua utilização irregular é determinada pela falta de fundamentação no interesse público.


O ex-diretor revelou ter ordenado uma revisão completa dos processos da Abin, antes "analógicos", e uma investigação específica sobre o uso do First Mile. Contudo, alegou que Paulo Maurício se recusou a fornecer informações detalhadas. Ramagem exonerou o diretor de operações relacionado ao First Mile e, posteriormente, solicitou uma investigação própria, incluindo três sindicâncias investigativas.


Atualmente deputado federal, Ramagem está marcado para prestar depoimento à Polícia Federal sobre a "Abin paralela" no final de fevereiro. A investigação sobre possíveis irregularidades na agência durante o governo de Bolsonaro está sendo conduzida pelo Supremo Tribunal Federal, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. No vídeo, Ramagem enfatizou a falta de provas do envolvimento dele no uso irregular do First Mile e questionou a Polícia Federal sobre qualquer evidência nesse sentido. A polêmica em torno da "Abin paralela" promete desdobramentos significativos nas próximas semanas.

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