Moraes notifica Lira para Câmara votar prisão de Chiquinho Brazão


Ministro do STF ordena prisão de deputado acusado no caso Marielle Franco


Na manhã desta segunda-feira, o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), comunicou ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a prisão preventiva do deputado Chiquinho Brazão, apontado como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A comunicação veio após a Primeira Turma do STF, por unanimidade, ratificar a decisão de Moraes assinada no último sábado, autorizando as diligências cumpridas pela Polícia Federal no domingo, no âmbito da Operação Murder Inc.


No documento enviado a Arthur Lira, Moraes cita a prisão de Chiquinho Brazão "em face de flagrante delito pela prática do crime de obstrução de Justiça em organização criminosa" no contexto da investigação sobre o assassinato de Marielle e Anderson. A decisão do ministro, o parecer da Procuradoria-Geral da República sobre o caso e o relatório da Polícia Federal, com 479 páginas descrevendo a dinâmica do crime, foram encaminhados junto ao ofício.


Chiquinho Brazão foi um dos principais alvos da Operação Murder Inc. deflagrada no domingo. Além dele, a Polícia Federal prendeu seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. Os três são acusados de arquitetar o assassinato de Marielle e Anderson, embora a defesa negue qualquer participação no crime.


Segundo a PF, a motivação do assassinato seria o obstáculo que Marielle representava para os interesses "escusos" da família Brazão, ligados à milícia e à exploração de terras griladas. O relatório da investigação descreve em detalhes o planejamento e a execução do crime ocorrido em 14 de março de 2018.


De acordo com a Polícia Federal, há "indícios eloquentes de autoria imediata" sobre os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão na ordem de assassinato da vereadora. A dupla teria contratado serviços para a execução de Marielle, com a "garantia prévia da impunidade" por meio da organização criminosa na Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio, liderada por Rivaldo Barbosa.


A prisão de Chiquinho Brazão marca um novo capítulo no desdobramento do caso Marielle Franco, que chocou o Brasil e o mundo pela brutalidade do assassinato e pela demora nas investigações. A ação do STF e da Polícia Federal demonstra um avanço significativo na busca por justiça para Marielle, Anderson e suas famílias.


A sociedade civil, movimentos de direitos humanos e políticos têm clamado por uma resposta efetiva das autoridades desde o ocorrido, e a prisão dos supostos mandantes do crime traz uma esperança renovada de que a impunidade não prevalecerá.


Enquanto isso, o desenrolar das investigações continua, e espera-se que mais detalhes venham à tona para esclarecer completamente os eventos que levaram ao assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, bem como para garantir que os responsáveis sejam responsabilizados perante a lei.

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