PF avalia anular delação de Cid após áudios em que ele critica a PF e Moraes


Áudios Vazados Põem em Dúvida Delação de Ex-Ajudante de Ordens de Bolsonaro


Membros de alto escalão da Polícia Federal (PF) estão considerando a possibilidade de anular o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. A revista Veja divulgou áudios nos quais Cid relata estar sendo pressionado pelos investigadores e critica o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).


Os áudios revelam o militar afirmando que os inquéritos já possuem uma "narrativa pronta", o que levou os delegados responsáveis pela delação premiada a reavaliarem o caso. Cid deve ser convocado novamente para prestar esclarecimentos sobre o conteúdo das declarações. Desde que fechou o acordo, em setembro do ano anterior, ele já prestou seis depoimentos.


O tenente-coronel é uma figura central nas investigações que envolvem Bolsonaro e seus aliados. Ele fechou o acordo de delação premiada após passar 129 dias preso no âmbito da operação que investiga a inserção de informações falsas sobre doses da Covid-19 em cartões de vacinação de familiares de Bolsonaro, da filha do ex-presidente e de dois seguranças.


Ao concordar em cooperar com a verdade, o colaborador recebe vantagens, como uma redução no tempo de pena caso seja condenado. Além do caso das vacinas, a delação de Cid está relacionada a outras investigações, incluindo um suposto golpe de Estado e o caso das joias sauditas envolvendo o ex-presidente e sua esposa, Michelle Bolsonaro.


Nos áudios divulgados pela Veja, Cid relata ter sido pressionado a relatar eventos que não ocorreram e a detalhar situações sobre as quais não tinha conhecimento. Ele expressa frustração com os policiais, afirmando que queriam que ele confirmasse uma narrativa pré-estabelecida. Segundo Cid, os investigadores estavam mais interessados em obter sua confirmação do que em descobrir a verdade.


Os áudios, enviados a um amigo como um desabafo, sugerem que os delegados responsáveis pelo caso apenas registravam informações que se encaixavam na narrativa que já haviam definido. Cid afirma que os policiais estavam determinados a obter o máximo possível de confirmações para validar sua versão dos acontecimentos.


A divulgação desses áudios levanta questões sobre a credibilidade das investigações e coloca em xeque a validade do acordo de delação premiada de Mauro Cid. Os próximos passos das autoridades e o impacto dessas revelações nas investigações em curso permanecem incertos, enquanto o debate sobre a transparência e a integridade do sistema de justiça criminal continua.

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