DaMatta, o celebrado sociólogo, confunde Pornochanchada de Madonna com Show Celebratório - Uma desconstrução

No recente texto publicado no Estadão, intitulado “Madonna: entre o sagrado e o profano, a celebração da liberdade”, o renomado sociólogo brasileiro Roberto DaMatta, conhecido por suas contribuições à sociologia e autor de várias obras, traça uma análise exaltada da icônica cantora Madonna. Ele a descreve como uma deusa pós-moderna, planetária e extravagante, enaltecendo sua performance e destacando o ineditismo de seu show, que profana símbolos cristãos.


No entanto, uma desconstrução crítica desse texto revela uma visão diametralmente oposta. O professor universitário Carlos Sampaio argumenta que a veneração de DaMatta por Madonna é nada mais do que uma comédia de segunda categoria, adornada por luzes e superficialidades. Enquanto DaMatta invoca Madonna como uma figura divina, Sampaio desmistifica essa ideia, comparando-a a um vaso sanitário apresentado como arte por Andy Warhol.


A análise de Sampaio vai além, desmontando cada elogio de DaMatta à performance de Madonna. Onde DaMatta enxerga um paradoxo sagrado/profano, Sampaio vê apenas uma celebração do sexo animal, longe de qualquer estética verdadeira. Enquanto DaMatta exalta a fusão de gêneros como um ato de liberdade, Sampaio denuncia isso como promiscuidade e degeneração.


Ao abordar a comparação entre celebridades e santidades, Sampaio contesta a ideia de DaMatta de que Madonna é uma ponte entre o trivial e o extraordinário. Ele argumenta que o sucesso mercadológico de Madonna não a equipara aos santos que realizam milagres, e sim a afasta da verdadeira substância divina.


Por fim, Sampaio contextualiza a obsessão contemporânea pela cultura do entretenimento, como descrito por Frédéric Martel em seu livro “Mainstream”. Ele alerta para a substituição da cultura tradicional pela cultura do espetáculo, onde a arte é concebida apenas para o consumo imediato, sem a pretensão de perdurar no tempo.


Em suma, a crítica contundente de Carlos Sampaio desconstrói a narrativa de celebração de Madonna proposta por DaMatta, revelando-a como uma farsa banhada em luzes e ilusões. Sampaio nos convida a questionar a verdadeira essência da arte e a resistir à tentação da cultura do entretenimento, que ameaça diluir os valores culturais mais profundos em uma busca frenética por prazer imediato.
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