Deputado comete erro imperdoável e Bolsonaro sepulta qualquer chance de apoio a ele para a Presidência da Câmara


Na última segunda-feira (20), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comunicou a seus aliados que não há possibilidade de apoiar o deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, na corrida pela presidência da Câmara dos Deputados. A decisão de Bolsonaro marca um ponto de ruptura definitiva entre os dois políticos, que já vinham tendo desentendimentos nos últimos meses.


O principal motivo para o rompimento, segundo fontes próximas ao ex-presidente, foi o apoio de Marcos Pereira a um projeto de regulamentação das redes sociais durante um evento do Lide em Nova York. A proposta é amplamente rejeitada pela direita, que vê nela uma ameaça à liberdade de expressão. Para Bolsonaro e seus aliados, esse apoio foi visto como um "erro imperdoável", selando o destino de qualquer aliança futura.


Parlamentares do PL, partido de Bolsonaro, já vinham manifestando publicamente sua insatisfação com Marcos Pereira, mas aguardavam uma posição oficial do ex-presidente sobre como essa questão afetaria a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara. A eleição interna está marcada para fevereiro de 2025, e a decisão de Bolsonaro agora abre caminho para a definição de um novo candidato apoiado pelo PL.


O rompimento de Bolsonaro com Marcos Pereira não é uma surpresa completa. Em fevereiro deste ano, Bolsonaro já havia expressado seu descontentamento com o deputado, citando outras divergências significativas. Pereira não teria contribuído de forma substancial para o governo Bolsonaro e, posteriormente, aproximou o Republicanos do governo Lula, com o partido conquistando o ministério de Portos e Aeroportos, liderado por Silvio Costa Filho. Além disso, a inclusão de críticas a Israel em uma moção de repúdio ao Hamas, aprovada pela Câmara sob a presidência de Pereira, também desgastou a relação entre Bolsonaro e o deputado.


A relação entre os dois teve uma breve tentativa de reconciliação em março deste ano, mas os aliados de Bolsonaro não veem mais chances de uma nova reaproximação. Especialmente após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anunciar que trocará o Republicanos pelo PL, conforme noticiado pelo Estadão. Tarcísio era visto como uma ponte entre os dois partidos, e sua saída do Republicanos enfraquece ainda mais a posição de Marcos Pereira dentro da Câmara.


Com o rompimento definitivo, o PL se vê motivado a lançar um candidato próprio para a presidência da Câmara. Altineu Côrtes (RJ), líder da legenda na Casa, é o nome mais cotado para a candidatura, mas o partido também está aberto a negociar o apoio a outro candidato em um eventual segundo turno. O cenário político se mostra dinâmico, e a decisão de Bolsonaro de se distanciar de Pereira pode ter um impacto significativo nas alianças e na configuração de poder dentro da Câmara dos Deputados.


Para Bolsonaro, a decisão de romper com Pereira é estratégica, visando fortalecer a unidade e a coerência ideológica dentro de seu grupo político. A rejeição à regulamentação das redes sociais é um ponto central para Bolsonaro e seus apoiadores, que veem nessa medida uma tentativa de controlar e censurar o discurso online, afetando diretamente sua base de apoio que se mobiliza fortemente através dessas plataformas.


A corrida pela presidência da Câmara dos Deputados se intensifica com essa nova configuração. O apoio de Bolsonaro será um fator crucial na eleição interna de fevereiro de 2025, e os desdobramentos dessa decisão podem reconfigurar as alianças e os apoios dentro da Casa. Parlamentares do PL, agora com uma direção mais clara, deverão se mobilizar em torno de um candidato que represente os interesses e a visão do partido, fortalecendo sua posição na sucessão de Arthur Lira.


Em um cenário político já marcado por divisões e disputas intensas, a movimentação de Bolsonaro adiciona mais um capítulo na complexa trama da política brasileira. A escolha de um novo líder na Câmara dos Deputados será um teste importante para a coesão e a capacidade de articulação do PL, que busca consolidar sua influência e garantir uma liderança alinhada com seus princípios e objetivos. A eleição interna será observada de perto, não apenas pelos atores políticos, mas também pela sociedade, que acompanha com interesse as movimentações que definirão os rumos do legislativo nos próximos anos.

Postagem Anterior Próxima Postagem