Com mapa de votos na mão, Alcolumbre mostra a Lula que “Bessias” não passa no Senado

Com “mapa de votos” em mãos, Alcolumbre alerta Lula: Jorge Messias não teria apoio suficiente para o STF

As articulações políticas em Brasília entraram em ebulição nos últimos dias após o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), apresentar ao Palácio do Planalto um levantamento interno que aponta um cenário desfavorável para a possível indicação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o mapa de votos compilado por Alcolumbre e aliados, Messias teria hoje entre 28 e 31 votos favoráveis — muito abaixo dos 41 necessários para aprovação no plenário. O gesto foi interpretado como um recado direto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda não oficializou sua decisão sobre quem substituirá o ministro Luís Roberto Barroso, deixando vago um dos assentos mais importantes da Corte.


A sombra da votação apertada de Paulo Gonet

O movimento de Alcolumbre ocorre poucos dias após a tumultuada votação que reconduziu Paulo Gonet ao cargo de procurador-geral da República. Gonet obteve apenas quatro votos acima do mínimo, registrando o placar mais apertado para um PGR desde a redemocratização.

Nos bastidores do Senado, o resultado foi interpretado como um sinal de alerta para o Palácio do Planalto: a base governista está fragmentada, e indicações na área jurídica se tornaram um campo minado.

Fontes próximas a Messias reconhecem que a votação de Gonet deixou evidente a estratégia de Alcolumbre: pavimentar o terreno para levar Rodrigo Pacheco (PSD-MG) — ex-presidente da Casa e nome de sua confiança — ao STF.

Pacheco é considerado por muitos senadores como “o candidato da Casa”, uma figura com trânsito amplo e apoio consolidado entre diferentes blocos. Colocá-lo na vaga de Barroso seria, para Alcolumbre, uma demonstração de força do Senado sobre o Executivo.


Aliados insistem que Messias pode virar o jogo

Apesar do clima adverso, há no governo quem minimize o diagnóstico de Alcolumbre. Um aliado próximo ao advogado-geral da União declarou que, embora reconheçam a dificuldade, Messias “tem voto para ser aprovado” e que uma eventual derrota não é dada como certa.

“Não vai ser fácil, mas passa”, afirma o interlocutor, sinalizando confiança na capacidade de Lula de mobilizar apoios e reorganizar sua base política.

A postura do Planalto, até o momento, tem sido de discrição absoluta. Messias, diferentemente de outras figuras indicadas anteriormente pelo governo, tem evitado entrevistas, aparições públicas e qualquer gesto que possa parecer precipitado.

A estratégia contrasta com o caso de Igor Roque, indicado por Lula à Defensoria Pública da União e rejeitado em plenário por 35 votos a 38. Roque teria desagradado senadores ao começar a atuar antes mesmo da confirmação, concedendo entrevistas e realizando despachos com ministros — atitudes vistas como arrogância ou “salto alto”.


A disputa pelo STF se torna guerra interna no Senado

A recusa ao nome de Igor Roque, o aperto na votação de Gonet e agora a resistência ao nome de Messias revelam um Senado extremamente empoderado e disposto a exercer seu protagonismo.

Alcolumbre, que comanda a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), tornou-se o principal articulador desse jogo, influenciando nomes, ritmos e resultados.

Segundo parlamentares, ele tem trabalhado para mostrar ao Planalto que não aceitará imposições e que o Senado deve ter papel determinante na escolha do próximo ministro do STF.

O levantamento apresentado ao governo tem efeito claro: desencorajar Lula a insistir no nome de Messias e convencê-lo de que a alternativa mais segura seria indicar um nome com apoio consolidado dentro da Casa — no caso, Rodrigo Pacheco.


Lula dividido entre prioridades e riscos políticos

Enquanto o tabuleiro do STF se rearranja, o presidente Lula lida com outras crises que têm tomado sua agenda.

A situação da segurança pública no Rio de Janeiro e a organização da COP30, prevista para ocorrer em Belém (PA) no próximo ano, têm consumido grande parte de seu tempo e capital político. Isso tem atrasado decisões sobre indicações importantes e aberto espaço para o Senado impor seu ritmo.

Um senador contrário à nomeação de Jorge Messias resume bem o clima:

“Se Lula estivesse seguro da aprovação, já teria indicado. Hoje, só quem salva Messias é Jesus.”

A frase, repetida por vários parlamentares nos corredores do Congresso, indica que o ambiente é hostil e que qualquer erro de cálculo pode resultar em uma nova derrota pública para o governo.


Conclusão: uma queda de braço que define o futuro do STF

O destino de Jorge Messias — e, por consequência, o futuro da composição do Supremo Tribunal Federal — está nas mãos de um Senado que vive seu período de maior poder desde 1988.

De um lado, Alcolumbre e seus aliados operam para barrar o nome do advogado-geral e emplacar Pacheco. De outro, Lula tenta equilibrar compromissos políticos, crises nacionais e a necessidade de escolher um ministro alinhado ao seu projeto.

O desfecho dessa disputa promete redesenhar a relação entre Executivo e Senado, além de influenciar diretamente o rumo das principais decisões judiciais do país nos próximos anos.

Postar um comentário

Please Select Embedded Mode To Show The Comment System.*

Postagem Anterior Próxima Postagem