Eduardo Bolsonaro reage à redução de 10% em tarifas dos EUA ao Brasil

Eduardo Bolsonaro reage a corte tarifário dos EUA e acusa governo Lula de promover “fake news”

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a redução de 10% nas tarifas aplicadas a produtos brasileiros repercutiu de forma distinta no cenário político nacional. Enquanto o governo Lula apresentou a medida como uma conquista diplomática, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reagiu duramente, acusando o Palácio do Planalto de distorcer os fatos e criar uma “fake news” para capitalizar politicamente em cima de uma decisão que, segundo ele, não representa benefício real ao Brasil.

A reação do parlamentar foi publicada em suas redes sociais neste domingo (16/11), após o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), divulgar a redução como resultado positivo da atuação internacional do governo Lula. Eduardo Bolsonaro, porém, contestou de imediato essa narrativa, afirmando que o corte de 10% não é voltado ao Brasil, mas sim ao conjunto de países que exportam determinados produtos aos Estados Unidos.

Segundo o deputado, o governo estaria “vendendo vitória onde há somente derrota”. Ele destacou que a maior parte dos produtos brasileiros permanece sujeita a uma tarifa de 40%, que, segundo Eduardo, seria consequência de problemas diplomáticos acumulados ao longo dos anos, agravados, segundo ele, pela condução do Itamaraty e pelas ações de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em um vídeo publicado nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro classificou como “a maior fake news desses últimos tempos” a comemoração feita por integrantes do governo Lula. Ele argumentou que os Estados Unidos reduziram em 10% uma tarifa que havia sido imposta globalmente, devido a questões internas ligadas ao consumo e à pressão sobre preços no mercado americano. “Eles precisam baratear produtos como café e carne para o consumidor norte-americano. Não é benefício ao Brasil”, afirmou.

Críticas ao Itamaraty, a Moraes e menção a carta de Trump

No mesmo pronunciamento, Eduardo Bolsonaro afirmou que o Brasil segue “em desvantagem” no comércio exterior devido a problemas diplomáticos que envolvem diretamente o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal. O parlamentar alegou que abusos atribuídos ao ministro Alexandre de Moraes — citados inclusive, segundo ele, na carta pública de Donald Trump — teriam contribuído para deteriorar a relação com Washington, levando à manutenção de tarifas mais altas ao país.

Ele mencionou que, na carta, Trump acusa Moraes de perseguir Jair Bolsonaro, familiares e apoiadores, além de interferir em empresas de tecnologia e de comunicação. Para Eduardo Bolsonaro, esse cenário contribuiu para a falta de avanços mais significativos em negociações econômicas com os Estados Unidos.

“Se o Brasil tivesse um ambiente institucional minimamente saudável, não estaríamos pagando 40% de tarifa enquanto o restante do mundo avança. Isso é resultado de perseguição política e incompetência diplomática”, afirmou.

Anistia a Bolsonaro como possível solução

Em outro trecho da gravação, Eduardo Bolsonaro atribuiu diretamente à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro — sentenciado pelo STF a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado — parte da dificuldade diplomática com os EUA. Para o parlamentar, a regularização da situação jurídica do ex-presidente seria condição “indispensável” para abertura de novas portas no comércio internacional.

“Querem resolver o problema? Comecem pela anistia”, afirmou o deputado. Segundo ele, a aprovação da anistia no Congresso poderia “estancar a perseguição política” e permitir que o Brasil se reposicionasse no cenário internacional.

Ele também criticou o governo Lula por supostamente “torpedear” qualquer chance de aprovação da medida. “Se o governo estivesse realmente preocupado em reduzir tarifas para os brasileiros e melhorar as relações externas, estaria trabalhando pela anistia. Mas escolhem viver de narrativa”, disse.

Eduardo Bolsonaro vira réu no STF

As declarações foram feitas poucos dias após a Primeira Turma do STF transformar Eduardo Bolsonaro em réu pelo crime de coação no curso do processo. A denúncia, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), foi acolhida por maioria.

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, afirmou em seu voto que Eduardo atuou deliberadamente para gerar instabilidade institucional, pressionando autoridades brasileiras a partir de diálogos com membros do governo dos EUA. Entre as acusações, há suspeitas de que o parlamentar tenha sugerido a aplicação de sanções econômicas ao Brasil como forma de desestabilizar o processo político interno.

A decisão agravou ainda mais o clima de confronto entre o deputado e o STF — e ampliou a repercussão de suas críticas ao governo.

Repercussão continua

A equipe de Renan Filho não respondeu às acusações até o fechamento desta matéria. Nos bastidores, porém, integrantes do governo afirmam que Eduardo Bolsonaro busca transformar um avanço comercial em disputa política.

Já aliados do deputado sustentam que ele apenas “expos a verdade” e que o Brasil segue em desvantagem global enquanto as tensões institucionais forem mantidas.

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