Moraes detalha no STF plano de militares para matá-lo e envenenar Lula

 

Moraes revela em julgamento plano de militares para assassiná-lo e envenenar Lula

Em uma sessão tensa e acompanhada com atenção pelo mundo político, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), detalhou nesta terça-feira (18/11) o que classificou como “um dos planos mais graves já investigados contra as instituições brasileiras”: um esquema elaborado por militares de alta patente e um policial federal para assassinar o próprio ministro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As revelações ocorreram durante o voto de Moraes no julgamento dos integrantes do chamado núcleo 3 da trama golpista, grupo conhecido como “kids pretos”.

O ministro leu trechos da investigação que apontam que os suspeitos fizeram estudos técnicos minuciosos sobre armas, explosivos e táticas de ataque, além de detalhar a possibilidade de envenenar o presidente Lula com substâncias capazes de induzir “colapso orgânico”. Segundo o relator, todo o material foi apreendido pela Polícia Federal e anexado aos autos, evidenciando que não se tratava de especulações, mas de um planejamento concreto.

Planejamento incluía armas, explosivos e análise das rotinas de segurança

De acordo com Moraes, os investigados analisaram cenários distintos para atacar tanto o ministro quanto as autoridades responsáveis pela segurança institucional. Os documentos descrevem possibilidades de execução por “tiro curto, médio ou longo alcance”, além do uso de artefatos explosivos, dependendo da ocasião e da vulnerabilidade do alvo.

“Tudo isso está detalhado nos documentos apreendidos. Havia estudos sobre as chances de êxito, como afastar danos colaterais, mapas sobre os locais e condições das execuções. Os criminosos também fizeram levantamento da proteção de outras autoridades de segurança pública, que deveriam ser neutralizadas”, afirmou Moraes.

O ministro destacou ainda que o plano contra Lula tinha uma abordagem distinta. Segundo ele, os golpistas cogitavam utilizar medicamentos ou substâncias químicas que provocassem falência orgânica, levando ao óbito sem sinais evidentes de ataque. A investigação indica que essa possibilidade era considerada devido ao “estado de saúde vulnerável” do presidente.

“Não há julgamento por tentativa de homicídio”, esclarece Moraes após ondas de fake news

Ao longo do voto, o ministro fez questão de rebater uma onda de desinformação disseminada nas redes sociais às vésperas do julgamento. Ele explicou que o STF não está julgando tentativa de homicídio, já que esse crime não foi imputado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

“Em virtude das fake news, preciso esclarecer: não estamos julgando tentativa de homicídio contra Alexandre de Moraes, Lula ou Alckmin. Se estivéssemos, eu, obviamente, estaria impedido de participar do julgamento. Mas pessoas de má-fé insistem em mentir para confundir a população”, criticou.

O que está em análise no STF são crimes atribuídos a uma organização criminosa que, segundo a investigação, operava para tentar desencadear um golpe de Estado no Brasil. Os delitos são semelhantes aos imputados ao núcleo 1, no qual figura o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Monitoramento de autoridades e Operação Copa 2022

Moraes lembrou que o monitoramento ilegal do qual foi alvo não é novidade e remonta a novembro de 2022, período em que exercia a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o ministro, os investigados buscavam “eliminar o centro gravitacional” que, na visão da organização criminosa, representava um obstáculo à concretização do plano golpista.

“Nos atos de execução dessa organização criminosa, houve monitoramento deste relator. Na própria minuta do golpe, previa-se uma intervenção no TSE e a criação de uma comissão comandada pela organização para assumir o controle da Justiça Eleitoral”, afirmou.

Entre os acusados está o agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares, que teria monitorado e repassado informações sobre a segurança do presidente Lula a aliados do ex-presidente Bolsonaro. Os ministros da Primeira Turma seguirão analisando as provas e proferindo seus votos nos próximos dias.

Repercussão e próximos passos

As revelações causaram forte reação no meio político. Parlamentares governistas afirmam que o caso demonstra o grau de perigo enfrentado pelo país nos últimos anos, enquanto opositores evitam comentar os detalhes apresentados por Moraes.

O julgamento do núcleo 3 deve servir como parâmetro para processos envolvendo outros grupos envolvidos na ampla trama golpista. O STF, mais uma vez, se vê no centro de um debate nacional que mistura atentados à democracia, polarização política e desinformação em larga escala.

O voto de Moraes reforça a gravidade dos fatos investigados e consolida a posição do ministro como um dos principais alvos — e protagonistas — na defesa do Estado Democrático de Direito.

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