Gilmar Mendes diz haver no Rio uma “narcomilícia evangélica”


Ministro do STF, Gilmar Mendes, alerta sobre a existência de uma "narcomilícia evangélica" no Rio de Janeiro


O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, trouxe à tona uma preocupação que tem gerado debates acalorados na sociedade brasileira. Durante uma entrevista à GloboNews, concedida nesta segunda-feira (11), Mendes revelou informações discutidas durante uma reunião na Suprema Corte, presidida pelo Ministro Luís Roberto Barroso. Entre os temas abordados, destacou-se a existência de uma suposta "narcomilícia evangélica" atuante no Rio de Janeiro.


Mendes relatou que durante a reunião, conduzida por Barroso, houve uma exposição sobre a complexa situação no Rio de Janeiro, onde aparentemente há uma interseção entre narcotraficantes, milicianos e membros de uma rede evangélica. O Ministro caracterizou esse fenômeno como algo "muito sofisticado" e destacou a necessidade de atenção por parte das autoridades.


No entanto, é importante ressaltar que as afirmações de Mendes não foram acompanhadas de evidências concretas que comprovem a existência dessa "narcomilícia evangélica". A menção levantada durante a entrevista expõe uma parte significativa da população brasileira que professa a fé evangélica, sem apresentar fundamentação robusta das acusações.


Este pronunciamento de Gilmar Mendes surge em um contexto em que a religião tem sido tema de debates acalorados no país. Recentemente, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, fez uma palestra na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), na qual propôs o combate ao que chamou de "uso abusivo" da religião na política.


Barroso destacou a importância de manter a religião como uma questão privada, afastada das disputas políticas, e criticou a instrumentalização de líderes religiosos para angariar votos. Segundo o ministro, utilizar a fé como arma política é uma prática "bárbara, anticristã" e que desvirtua o verdadeiro propósito espiritual da religião.


Essas declarações de membros proeminentes do STF refletem uma preocupação crescente com o papel da religião na esfera pública brasileira. A ascensão do conservadorismo e a influência cada vez maior de grupos religiosos no cenário político têm levantado questões sobre os limites entre fé e política, bem como sobre a preservação da laicidade do Estado.


Diante desse contexto, é fundamental que as discussões em torno da religião e sua relação com a política sejam pautadas pelo respeito à liberdade religiosa e à diversidade de crenças. Além disso, é necessário que eventuais acusações ou denúncias sejam fundamentadas em evidências sólidas, evitando assim a estigmatização de grupos religiosos específicos.


Enquanto o debate sobre o papel da religião na sociedade brasileira continua, cabe às instituições e aos cidadãos promoverem um diálogo construtivo e respeitoso, buscando garantir tanto a liberdade de expressão quanto o respeito aos direitos individuais e coletivos.

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