Ramagem quebra silêncio, assume fuga e afirma estar protegido pelos EUA

Ramagem quebra silêncio, confirma que deixou o Brasil para evitar prisão e revela “anuência do governo americano”: “Estou seguro”

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) falou pela primeira vez, neste domingo (23), sobre a fuga que ganhou repercussão nacional após sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Durante uma live transmitida para milhares de apoiadores, o parlamentar afirmou que deixou o Brasil em setembro, antes que pudesse ser preso, e fez uma revelação que promete acender um novo foco de crise entre Brasília e Washington: segundo ele, está nos Estados Unidos com “anuência do governo americano”.

A fala, que ocorre dois dias após o ministro Alexandre de Moraes decretar sua prisão preventiva, coloca o caso em outro patamar, ampliando tensões políticas e jurídicas que já dominam o cenário brasileiro nos últimos dias.

“Eu não ia ficar no Brasil para ser preso injustamente”

Ramagem iniciou a live afirmando que decidiu deixar o país quando ficou claro que sua prisão era, segundo ele, uma questão de tempo — algo que classificou como resultado de “perseguição política” e de um julgamento conduzido sob “ditadura judicial”.

“É lógico que eu não ia ficar no Brasil, com as minhas filhas me vendo ser preso sem ter cometido crime nenhum e sofrendo diante de uma ditadura”, declarou.

O parlamentar foi condenado pelo STF a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão, em regime inicial fechado, acusado de integrar o chamado “núcleo 1” da suposta tentativa de golpe de Estado. Como parte das medidas impostas pela Corte, Ramagem estava proibido de deixar o país. Mesmo assim, conseguiu viajar para os Estados Unidos sem ser barrado.

Sua saída silenciosa do Brasil, agora confirmada, já levantava suspeitas sobre falhas nos sistemas de controle de fronteira ou até mesmo sobre algum tipo de proteção internacional. Agora, sua própria fala parece corroborar a segunda hipótese.

A revelação que muda o cenário: “anuência do governo americano”

A declaração mais explosiva da transmissão veio quando Ramagem confirmou não apenas estar nos Estados Unidos, mas também que sua permanência no país teria sido facilitada — ou, ao menos, tolerada — pelo próprio governo dos EUA:

“Estou nos Estados Unidos com anuência do governo americano.”

A frase caiu como uma bomba em Brasília. Caso seja verdadeira, a “anuência” praticamente elimina qualquer possibilidade de extradição, já que os Estados Unidos não extraditam pessoas que consideram perseguidas politicamente.

A afirmação de Ramagem ainda ecoa o comunicado divulgado no mesmo fim de semana pelo Departamento de Estado americano, que classificou Alexandre de Moraes como “violador de direitos humanos sancionado” e criticou duramente a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O gesto de Washington reforçou a percepção de que há um alinhamento crescente entre opositores de Moraes no Brasil e autoridades americanas críticas ao ministro.

Especialistas em relações internacionais já avaliam que, se confirmada a conivência dos EUA, o caso pode desencadear uma crise diplomática sem precedentes entre os dois países.

Prisão preventiva decretada por Moraes

Na sexta-feira (21), Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva de Ramagem, alegando risco à ordem pública e à execução da pena. A decisão também se apoiou no fato de que o parlamentar descumpriu medidas cautelares e deixou o país clandestinamente.

Com a revelação de que está em solo americano desde setembro, isto é, antes mesmo da ordem de prisão, o entendimento jurídico pode se tornar mais complexo, já que a fuga aconteceu quando ainda havia margem para recursos e antes da decretação da prisão.

O parlamentar diz que está “seguro” nos EUA

Durante a live, Ramagem se mostrou tranquilo sobre sua situação atual e afirmou estar “seguro” no país norte-americano, reforçando que não tem planos de retornar ao Brasil enquanto permanecer sob o que chama de “perseguição judicial”.

“Estou seguro. Não tenho nada a temer. O mundo está vendo o que estão fazendo no Brasil.”

Aliados do deputado reforçam que ele estaria recebendo apoio de parlamentares e autoridades conservadoras nos EUA, cenário que se tornou mais plausível após as recentes manifestações públicas de membros do governo americano contra decisões de Moraes.

Reações imediatas e tensão crescente

A fala de Ramagem deve provocar forte repercussão no Congresso brasileiro. Deputados da oposição já defendem a realização de audiências e pedidos de esclarecimento ao Itamaraty, além de novas iniciativas para cobrar explicações do Ministério da Justiça e da Polícia Federal sobre como o deputado conseguiu deixar o país mesmo tendo restrição judicial.

Juristas avaliam que, se confirmada a cooperação ou tolerância dos EUA, o STF poderá enfrentar um impasse sem precedentes, já que não haveria instrumento jurídico capaz de obrigar a extradição de Ramagem.

Enquanto isso, o episódio fortalece a narrativa de perseguição político-judicial e alimenta ainda mais a crise institucional envolvendo o ministro Alexandre de Moraes, cujas decisões recentes têm provocado reações crescentes no cenário internacional.

Com a revelação deste domingo, o caso Ramagem deixa de ser apenas uma fuga e passa a ser um sinal de desgaste global da credibilidade do sistema judicial brasileiro — e um novo capítulo explosivo na batalha política que domina o país.


Postar um comentário

Please Select Embedded Mode To Show The Comment System.*

Postagem Anterior Próxima Postagem