Sem título

‘Ato antidemocrático’, muito simplesmente, é tudo aquilo que o ministro diz que é antidemocrático, como eram os ‘atos subversivos’ do regime dos generais.

É o pé de cabra que ele inventou para dar a si próprio o direito de agir fora da lei. Por conta da necessidade de defender ‘a democracia’, aboliu a exigência elementar de que um cidadão só pode ser acusado por crimes que estejam previstos no Código Penal e no resto da legislação brasileira – e dentro de processo legal, perante a justiça. O resultado é que o inquérito está servindo, unicamente, para Moraes perseguir quem cai na lista de inimigos do seu projeto político.

‘Ainda tem muita gente para prender’, ameaçou ele, com a certeza de quem faz o que quer. Nenhum oficial da ditadura disse uma coisa dessas, nunca – Moraes diz e dá risada. Em seu último surto, prendeu quatro cidadãos no Espírito Santo que não cometeram delito algum – um deles foi acusado de ‘demonizar’ o STF, coisa que não tem existência legal nenhuma. Prendeu empresários. Prendeu um cacique indígena. Mandou colocar tornozeleira eletrônica. Aplica multa de R$ 23 milhões, ou de R$ 150 mil por hora. Congela contas bancárias. Bloqueia salários. Manda a Polícia Federal invadir residências e escritórios às 6 horas da manhã. Não obedece à lei que dá ao Ministério Público a exclusividade na acusação penal. Ignora os pedidos oficiais do MP para arquivar o seu inquérito; ou então fecha um e abre outro no mesmo dia. O Congresso, as Forças Armadas e os cardeais da ‘sociedade civil’ aceitam tudo. É democracia, isso?

Está em pleno funcionamento no Brasil, e antes mesmo de começar o novo governo Lula, o maior esquema de corrupção que este país já viu – perto do que vem por aí, a ladroagem alucinada dos treze anos em que o PT esteve no poder vai parecer assunto para o juizado de pequenas causas. A primeira grande ordem de ‘avançar’ é a infame mudança na Lei das Estatais – uma safadeza armada no submundo da Câmara, e apoiada em massa pelo PT, que permitirá a Lula enfiar até 600 serventes políticos na direção das empresas do governo. É daí para pior.”